Mindfulness pode ajudar com os "pequenos estresses" do dia a dia
Um dos principais benefícios da prática de mindfulness (atenção plena) é nos ajudar com o "pequeno estresse" do dia a dia.
O que chamo de "pequeno estresse" são os fatores de estresse do nosso cotidiano, como por exemplo as discussões com familiares e colegas em casa e no trabalho, o trânsito, os cuidados com a casa ou apartamento, entre outros (cada um tem os seus exemplos de "pequeno estresse" do dia a dia).
Chamo de "pequeno" em contraposição ao que podemos chamar de "grande estresse", ou seja, as grandes fontes de mal-estar ou sofrimento que todos enfrentaremos ao longo da vida, como a doença, o envelhecimento e a morte de pessoas queridas (ou a própria), muito difíceis de lidarmos ou aceitarmos.
A prática da atenção plena pode nos ajudar a lidar com esses dois tipos de estresse ("pequenos" ou "grandes"), mas em especial é muito útil no "pequeno estresse" do dia a dia.
Afinal, de "pequeno" eles não têm nada, pois se somarmos a quantidade de vezes ao longo do dia que temos que enfrentar pequenas discussões em casa ou no trabalho, afazeres domésticos, ruas e lojas lotadas, atrasos etc, acabam se tornando um grande volume de mal-estar ou "sofrimento".
Como mindfulness pode ajudar no "pequeno estresse"?
A essência do processo é estar mais consciente do próprio estado mental e emocional durante essas situações de "pequeno estresse", e então responder de maneira menos impulsiva e mais eficiente.
Um exemplo de como podemos fazer isso no dia a dia, usando as técnicas de mindfulness, é fazermos uma pequena pausa ou espaço de consciência durante esses momentos desafiadores, por exemplo, usando a técnica de 3 passos (veja aqui como fazer esse exercício).
Essa pequena pausa (pode ser, alternativamente, prestar atenção em 2 ou 3 respirações) permitirá que percebamos em nosso corpo, por meio de sensações e sentimentos, o tipo de estado mental e emocional que aquela situação nos provocou (raiva, medo, agressividade, entre outros).
Podemos perceber, inclusive, algum padrão pessoal de reatividade, como por exemplo uma tendência a ter uma visão excessivamente negativa de eventos comuns do dia a dia.
A partir dessa pequena e breve pausa poderemos perceber como estamos naquele momento específico de tensão, permitindo uma melhor gestão da emoção e dos impulsos que surgirem, e a visualização de uma melhor resposta (que pode ser "não fazer nada", deixando aquela emoção negativa passar).
Assim, saímos do "piloto automático" da reatividade, criando um espaço de consciência, e a oportunidade de uma pequena pausa entre o "estímulo" e a "resposta", tornando-nos menos reativos e mais conscientes do "pequeno estresse" do dia a dia. Isso, na soma dos dias, fará uma grande diferença em nossa vida.
Vamos praticar?
Mande sua pergunta: Se você tem alguma dúvida ou curiosidade sobre mindfulness, atenção plena, ou neurociência do comportamento, por favor me escreva que terei prazer em abordar seu tema em textos futuros: demarzo@unifesp.br
Referência:
Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.
Para Saber Mais:
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação "Mindfulness" na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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