Atenção plena já era usada pelos filósofos gregos antigos
A ideia de mindfulness (atenção plena) já era usada pelas escolas gregas de filosofia antiga, como o Estoicismo, defendida como uma maneira mais adequada de encarar a vida, tornando-a plena e feliz.
Os treinamentos de mindfulness (atenção plena) nasceram nos últimos 40 anos, trazendo uma proposta laica e científica para técnicas milenares como a meditação. Assim, suas origens nos remetem às tradições contemplativas humanas.
Em geral, associamos mindfulness ao Budismo, mas várias outras tradições humanas, religiosas ou filosóficas, defenderam e utilizaram conceitos e técnicas semelhantes, nem sempre com esse mesmo nome.
Por exemplo, encontramos técnicas meditativas e contemplativas no Cristianismo, Islamismo (tradição Sufi), Populações Nativas de diversas regiões do planeta e nos filósofos gregos antigos.
Escolas filosóficas como o Estoicismo e o Epicurismo propunham conceitos e abordagens que nos remetem à ideia de atenção plena, com aplicação direta na vida cotidiana (lembrando que apesar de frequentemente associarmos a "filosofia" a algo conceitual ou reflexão intelectual, seu propósito original é melhorar a vida de maneira prática no dia a dia).
Um desses conceitos, mais relacionado ao Estoicismo, era conhecido como "Prosoché", que podemos traduzir como "viver cada momento intencionalmente com atenção plena", que traz como base a ideia de que a "vida é finita" e assim "devemos valorizar cada momento de nossa existência", porque eles não voltam mais, são únicos.
"Prosoché" também seria a atitude correta a ser desenvolvida por um filósofo estoico, por possibilitar a autopercepção de sensações, pensamentos, sentimentos, emoções e impulsos, levando ao autoconhecimento e a possibilidade de autogestão de emoções e comportamentos, algo muito similar ao que propõe os treinamentos contemporâneos de mindfulness.
Uma frase de Epiteto, representante da escola estoica, resume tudo isso de maneira "filosófica" (tradução livre e explicada):
"A alma é como um vaso cheio de água; e as nossas impressões (sobre a realidade) são como um raio de luz que cai sobre a água. Se a água estiver turva (perturbada), o raio parecerá ser turvo (perturbado) da mesma forma, embora a realidade não seja…
… Portanto, sempre que um homem é tomado de "vertigem" (perturbação mental ou da alma), não são as artes e virtudes que são turvas, mas o espírito em que elas se refletem;…
… e, se isso parar ou se reverter (a perturbação da alma), elas (a arte e as virtudes) também não serão mais turvas".
(Epiteto; Hierápolis, 55 – Nicópolis, 135)
Vamos praticar?
Mande sua pergunta: Se você tem alguma dúvida ou curiosidade sobre mindfulness, atenção plena, ou neurociência do comportamento, por favor me escreva que terei prazer em abordar seu tema em textos futuros: demarzo@unifesp.br
Referência:
Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Qué sabemos del mindfulness? (Espanhol). Kairós Editorial, 2018.
Para saber mais sobre mindfulness:
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação "Mindfulness" na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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